quinta-feira, 3 de março de 2011

O FEMININO (MULHER)


MIRAGEM FEMININA

De repente te descubro, estendida na noite, arrastando-te alegre e perfumada, se lançando de amor,
com o céu iluminado pela lua que te serve de leito a vida toda.
Aqui neste espaço infinito te encontro, amante e louca dentro da cidade,
que se levanta a seus pés, recebendo-te porque és assim como o sol, o som dos pássaros já esquecidos, o riso, o rio e a calma presença
da turbulência interior e dos movimentos
ondulados de mar do teu corpo.

A sua permanência neste estado nebuloso,
ilusório, feito nuvem desenhada que o vento apaga, é o motivo  pelo qual  meu coração ainda lateja e teima em lançar  sangue nos meus sonhos.
Tu és tudo que  provoca, incita e cega. Vamos, desfile novamente sua invisível e humilde beleza diante deste ser incerto. Quero o teu sentido.  Orienta-me com o teu sorriso, tua voz, não me deixe perdido diante deste horizonte de existência. Banha com o teu mar novamente as paisagens esquecidas da infância.
Estou na margem, esquecido e esquecendo.  Perguntas cercam o pensamento, e as palavras correm pela língua salivada e muda. Vomito nos corredores de gente o meu grito de ânsia e desespero. Estou só, mesmo cercado de mundos. Estou sem ti, minha bússola, no mar de infinitos desejos,
Arrasta-me  para o fundo dos oceanos.
                  
                                                                   Cícero Souza