MIRAGEM FEMININA
De repente te descubro, estendida na noite, arrastando-te alegre e perfumada, se lançando de amor,
com o céu iluminado pela lua que te serve de leito a vida toda.
Aqui neste espaço infinito te encontro, amante e louca dentro da cidade,
que se levanta a seus pés, recebendo-te porque és assim como o sol, o som dos pássaros já esquecidos, o riso, o rio e a calma presença
da turbulência interior e dos movimentos
ondulados de mar do teu corpo.
A sua permanência neste estado nebuloso,
ilusório, feito nuvem desenhada que o vento apaga, é o motivo pelo qual meu coração ainda lateja e teima em lançar sangue nos meus sonhos.
Tu és tudo que provoca, incita e cega. Vamos, desfile novamente sua invisível e humilde beleza diante deste ser incerto. Quero o teu sentido. Orienta-me com o teu sorriso, tua voz, não me deixe perdido diante deste horizonte de existência. Banha com o teu mar novamente as paisagens esquecidas da infância.
Estou na margem, esquecido e esquecendo. Perguntas cercam o pensamento, e as palavras correm pela língua salivada e muda. Vomito nos corredores de gente o meu grito de ânsia e desespero. Estou só, mesmo cercado de mundos. Estou sem ti, minha bússola, no mar de infinitos desejos,
Arrasta-me para o fundo dos oceanos.
Cícero Souza
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